Alerta Vermelho INTERPOL: Caso Resolvido com Apoio Diplomático
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Como a Publicação de um Ministro no Twitter Salvou o Cliente de um Alerta Vermelho da INTERPOL

Contexto do caso

O solicitante é cidadão da Ucrânia e da Rússia. Entre 2007 e 2014, participou da organização nacionalista “Restruct” e esteve envolvido em manifestações públicas criticando ações das autoridades russas na Crimeia.

Em 19 de novembro de 2020, a Rússia emitiu um Alerta Vermelho da INTERPOL contra o solicitante, acusando-o de “uso de violência contra um funcionário público”.

Em 6 de novembro de 2020, o solicitante foi detido em Jacarta, na Indonésia, com base nesse alerta, mas foi liberado ainda no mesmo mês.

Argumentos do Escritório de Advocacia Interpol

O Escritório de Advocacia Interpol solicitou a remoção dos dados do solicitante, alegando que:

  • O caso tinha forte caráter político;
  • As autoridades indonésias negaram a extradição;
  • Os procedimentos legais aplicáveis não respeitavam plenamente os princípios de direitos humanos.

Conclusões da Comissão

A Commission for the Control of INTERPOL’s Files (CCF) considerou o contexto geral e analisou que o solicitante recebeu apoio diplomático durante sua detenção na Indonésia. Em 28 de novembro de 2020, o Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, publicou no Twitter:

“Devolvemos o cidadão ucraniano Mykhailo Orieshnikov da Indonésia, onde a Rússia tentou capturá-lo usando a INTERPOL para perseguição política. Não permitimos isso. O avião com Orieshnikov já está a caminho de Kiev. Passaporte ucraniano = proteção do Estado ucraniano.”

Embora não houvesse confirmação oficial da OCN da Ucrânia, a Comissão verificou no Twitter oficial do Ministro que a publicação era autêntica e se referia diretamente ao caso do solicitante.

Decisão da Comissão (CCF)

A CCF concluiu que manter os dados contestados poderia comprometer a neutralidade da INTERPOL e que o alerta não atendia aos critérios do Artigo 3 do Estatuto da INTERPOL.

Portanto, decidiu-se remover as informações sobre o solicitante da base de dados da INTERPOL, reconhecendo a influência política do caso e a necessidade de proteger direitos individuais.

Anatoly Yarovyi
Sócio Sênior
Anatoly Yarovyi é um advogado altamente qualificado com 20 anos de experiência na área, especializado em aplicação da lei, atividades de inteligência, Direito Público Internacional e direitos humanos. Atualmente, concentra-se em casos de Interpol e extradição, além de aconselhar clientes de alto perfil sobre segurança pessoal e empresarial, proteção de dados e liberdade de circulação. Sua experiência diversificada inclui funções no Ministério Público, em agências de inteligência e em grandes escritórios de advocacia multinacionais.

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